segunda-feira, 11 de outubro de 2021

AQUI E LÁ

 O Coisinha da Ecologia, 11 de outubro de 2021

Arthur Soffiati

Aqui, chove fino. Na semana passada (4-10 de outubro), ventou forte, mas não houve tempestade de poeira e cinza, como no interior de São Paulo. A umidade assentou o pó. As queimadas de cana diminuíram mais pela falência das usinas que pelo cumprimento da lei que as proíbe progressivamente. A primavera começou a ainda não aconteceram catástrofes climáticas no norte-noroeste fluminense, embora eu sempre situe as duas regiões em seu contexto maior: o domínio da extinta Mata Atlântica em sua porção sul/sudeste.

Mas registremos as ressacas. Elas estão cada vez mais violentas. Se não destroçam Atafona, comem a estrada costeira entre Farol de São Thomé e Maria Rosa. Por um lado, o aporte de areia nesse trecho da costa não chega mais como antes. Depois da construção dos espigões de pedra em Barra do Furado, grande parte da areia transportada de oeste pra leste fica retida em Quissamã. Por outro lado, as ressacas se tornam mais frequentes e mais fortes. No meu entendimento, elas manifestam as mudanças climáticas. Especialistas demonstram que o nível do mar está subindo tanto pelo degelo das geleiras quando pelo aquecimento da água, que provoca a expansão da mesma. Em todo o mundo, as zonas costeiras estão enfrentando problemas de erosão. Aqui, noto o mesmo entre os rios Macaé e Itapemirim, região que conheço mais de perto.

Lá, a ocorrência de tufões aumenta. Esse “lá”, refere-se ao extremo oriente, ao mar da China, à Indonésia, Japão, Coreia, Filipinas, Vietnã, China e suas regiões administrativas, como Hong-Kong e Macau. Leio diariamente um jornal de Macau redigido em português porque a cidade integrou os domínios de Portugal entre 1557 e 1999. Os jornais e a TVs do Brasil costumam noticiar brevemente o advento de furacões no Caribe e no sul dos Estados Unidos, mas se calam sobre os frequentes e devastadores tufões. Tufão é o nome que se dá ao furacão no oriente. Ocidente e oriente são expressões criadas no ocidente. Um país oriental pode se considerar no centro do mundo e dizer que a Europa fica no oriente.

Os tufões também são batizados como os furacões. O mais recente (e foram vários em 2021) recebeu o nome de Lionrock. Ele varreu Filipinas o sul da China. Arrasou Hong Kong (a parte mais europeia da Ásia oriental), derrubando andaimes. Um deles feito de bambu. Esses ventos estão se tornando comuns até onde não ocorriam furacões, tufões e ciclones. No Brasil, ocorreu o furacão Catarina na região Sul, em março de 2004. Ele atingiu a categoria 2. O que cada indivíduo, cada município, cada estado e cada país pode fazer para reverter a crise climática? Creio que pode-se agir em dois sentidos. No plano imediato, preparar-se para novas catástrofes. No longo prazo, o sistema econômico mundial deve trabalhar para continuar existindo nos limites que a natureza estabelece, abandonando a ambição de ganhos infinitos num mundo com limites.  

 

TEMPESTADE NO DESERTO

Arthur Soffiati             Não me refiro ao filme “Tempestade no deserto”, dirigido por Shimon Dotal e lançado em 1992. O filme trata da ...