Arthur Soffiati
Maria Valéria Rezende é freira da Congregação de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho. Ela tem uma história política de lutas contra o regime militar que dominou o Brasil entre 1964 e 1985. É formada em língua e literatura francesas pela Universidade de Nancy e em pedagogia pela PUC-SP. Trabalhou com educação popular em diversos lugares do Brasil e do mundo. Publicou vários livros e artigos de não ficção. Hoje, mora na Paraíba.
Começou na literatura em 2001, com o livro “Vasto Mundo”. Seus mais conhecidos livros são “O voo da guará vermelha” (2005), “Quarenta dias” (2014), “Outros cantos” (2016) e “Carta à rainha louca” (2019). Seu primeiro livro de contos é “Modo de apanhar pássaros à mão”, de 2006, que acabo de ler. Hoje, ela é uma escritora consagrada e premiada. É uma das que mais aprecio. Li com atraso “Modo de apanhar pássaros à mão” (Rio de Janeiro: Objetiva, 2006). São contos de uma principiante, mas já demonstrando qualidade. Todos eles têm a marca da autora. Todos muito humanos, muito ternos, muito sensíveis. Anotei, ao fim do conto “Lamento para harpa e tuba” que ele nunca deveria acabar. Creio mesmo que ele daria um bom romance. “O homem invisível” é quase uma crônica sobre o amor. “A princesa de Troia” versa sobre o ódio. “A bicicleta” trata da morte. “Metamorfose” é um conto criativo dedicado a Frei Beto. No final, fica-se sabendo que o personagem central é um vampiro que abandona a Europa e se transfere para a América, substituindo sangue humano por bifes sangrentos.
A leitura dos contos foi como que um ajuste de contas que fiz com a autora e com os livros do passado que não consigo mais ler por falta de tempo.