sábado, 20 de fevereiro de 2021

OS LOBOS DA GALÍCIA E A HISTÓRIA DOS ANIMAIS

Os lobos da Galícia e a história dos animais Arthur Soffiati Leio diariamente “A Folha da Manhã”, de Campos, “O Globo”, “A Folha de São Paulo” e alguns jornais eletrônicos, como “Portal do Farol”, “Campos Magazine News” “Rota Verde”, “O Jornal”, de Marataízes, “Diário de Notícias”, de Lisboa, e “La Voz de Galícia”. Até sua extinção, lia diariamente o jornal “Hoje”, de Macau, na China, cidade que foi colonizada por Portugal. Eventualmente, leio outros. Ler um jornal não significa começar na primeira letra da primeira página e terminar na última da última página. Todo mundo seleciona as notícias que lhe interessam. Minha preferência recai sobre assuntos estruturais. Uma guerra longa e surda que não costuma merecer atenção da imprensa, mas que, de tempos em tempos, aparece nas folhas. Questões ambientais que só merecem atenção quando e se se tornam agudas e assuntos científicos. Gosto de escrever sobre as notícias que me despertam atenção. Nem sempre posso acrescentar mais informações sobre elas, mas faço reflexões. Minha pauta atual mostra-se extensa. Do mais distante para o mais próximo, as notícias que têm motivado o meu interesse são: 1- o robô Perseverance enviado a Marte pela Nasa; 2- As avalanches nos Himalaias, causando o rompimento de represas em construção e a morte de operários; 3- O rigoroso inverno do hemisfério norte, que atingiu o Texas e a Grécia de forma incomum; 4- As fortes chuvas caídas na Galícia; 5- A situação dos lobos da Galícia; 6- As chuvas no Acre, causando enchentes, combinadas com a pandemia de coronavírus e com a concentração de haitianos que querem entrar no Peru; 7- As chuvas na área das zonas de convergência intertropical e do Atlântico Sul; e 8- As chuvas de Belo Horizonte. Oito itens. É uma pauta considerável para que todos os seus tópicos sejam abordados com reflexões. Não me esqueço da presente pandemia, à qual já dediquei um livro que deve sair em 2021. Tenho de escolher um tópico. Acabei ficando hoje com a situação dos lobos da Galícia, tema que nem mesmo os jornais galegos enfocam mais atentamente e que não deve interessar a muitas pessoas. A Galícia é uma comunidade autônoma a noroeste da Espanha. Ela conta com uma língua própria de origem latina, embora o espanhol seja a língua mais falada. A cidade mais conhecida da Galícia é Santiago de Compostela. Estive lá e em Vigo, outra cidade galega, no fim de 2019. Apaixonei-me por suas paisagens e sua cultura, que eu conhecia à distância. Escrevi sobre seus rios e devo ainda artigos sobre as impressões que a sua cultura me causou. Além das enchentes que ocorreram no inverno de 2021 e que talvez continuem ocorrendo, inteirei-me da situação dos lobos. Em quase todos os países da Europa ocidental, os lobos foram exterminados. Na Inglaterra, o lobo foi extinto em 1680. Na Irlanda, ele desapareceu cerca de um século depois. Antes do século XX, os lobos já haviam sido exterminados na França e na Alemanha. A modernização da economia rural é incompatível com o lobo vivo. Lobo bom é lobo morto, como os índios dos Estados Unidos e de toda a América. Na Espanha, os lobos se concentraram na Galícia e hoje representam uma relíquia do mundo natural, animal e ecológico. Ele povoa o imaginário das pessoas dependendo da sua condição social. Para o pensamento cristão, ele representa o mal. Existem muitas lendas sobre eles, como se fossem pessoas ardilosas, traiçoeiras e cruéis. Mas ele também desperta admiração. A maior concentração de lobos na Europa está na Galícia. Mas não sem problemas. As relações da sociedade galega com eles é de ódio e de proteção. Para os pecuaristas, o lobo é uma praga que ataca seus animais de criação. Só há dois destinos para o lobo: tornar-se vegetariano, o que é uma ironia, ou ser eliminado. Para os ambientalistas, o lobo deve ser protegido como uma preciosidade da Galícia. Na ditadura de Franco, o lobo foi incluída na lista da “Junta para Instinçom de Animais Daninhos”. Salazar fez o mesmo em Portugal. Não direi que esse pensamento é próprio das ditaduras, pois, em relação aos animais que nos incomodam, todos somos ditadores. A cultura ocidental capitalista, hoje globalizada, é hostil aos animais, sobretudo os considerados “nocivos”. O lobo foi acuado nas serras de Gallaecia e em Serra Morena, nas décadas de 50 e 70. Com o retrocesso das atividades agrárias e a recuperação natural ou antrópica dos bosques, o lobo começou a recolocar o focinho de fora na Espanha e na Itália, mas agora volta a causar problemas para os pastores dessas terras. Trata-se do Canis lupus signatus, pertencente à família do grande lobo das lendas. É menor que o famoso lobo mau da Chapeuzinho Vermelho ou de Pedro e o Lobo. Trata-se de um animal esquivo e tímido como o nosso lobo Guará. Seu pelo tem cor irregular. Um macho adulto chega a, no máximo, 70 cm do chão, com cerca de 1,80 m do focinho à ponta da cauda. Suas mandíbulas são fortes, tratando-se de um grande andarilho.
O lobo e a vovó do conto Chapeuzinho Vermelho Na Galícia, em 2006, aprovou-se uma lei de proteção ao lobo, o que representa a nova postura de certa parte da humanidade (ecologistas e veganos) em relação à natureza nativa. Porém, essa lei ainda não agradou os defensores do animal. Calcula-se que hoje existem 700 exemplares de lobo na Galícia. Mas o lobo vem sofrendo um novo ataque. Acusado de atacar rebanhos, ele tem sido morto abertamente por tiros ou disfarçadamente com veneno pelos agropecuaristas. O governo tem de lidar com a dupla pressão que vem dos campos e dos cientistas e ecologistas. Está em voga historiadores se dedicaram a plantas e animais. Eles falam em história das plantas e dos animais. Geralmente, são estudiosos de gabinete. Existirá essa história? Num universo impregnado pelo tempo cronológico, seus componentes não vivos e vivos têm história. Talvez mesmo antes do big-bang houvesse história num universo pretérito. Essa história é vivida pelos seres não vivos e vivos sem que eles se deem conta dela. É a história o Universo, dos astros, da Terra, dos seres vivos, já que nada é fixo. O vegetal e o animal vivem num meio que se transforma e os transforma ou os extingue. Quando os hominídeos emergiram, passou a existir uma outra história, que só será criada recentemente: a história das relações humanas com vegetais e animais. A maneira mais suave dessas relações é a de proteção das espécies. A ciência (desenvolvida entre várias culturas e não apenas no ocidente) já dá um passo adiante, pois nem sempre se trata de estudar uma espécie sem mutilá-la. Rousseau não gostava da zoologia porque ela implicava em carnificina, mas gostava da botânica pela ausência de sangue. Todavia, ele não hesitava em cortar vegetais e herborizá-los para a sua coleção (ROUSSEAU, Jean-Jacques. Os devaneios do caminhante solitário. Brasília: EdUnB, 1986). Indo mais adiante ainda, plantas e animais sempre são representados mentalmente. A cicuta é representada de forma negativa pelo seu veneno. Em sua viagem terrestre pelo Oriente, no século XVI, frei Gaspar de São Bernardino anota: “Aqui vi umas figueiras a que chamam da Índia ou Pomum paradisi cujo fruto afirmam muitos ser o que foi vedado a nossos primeiros padres; desta opinião é Santo Agostinho, Moisés Berzefa, bipo da Síria (...), Nicéforo Calixto, Santo Ambrósio e todos os rabinos.” (Apud. GRAÇA, Luís. A visão do Oriente na literatura portuguesa de viagens: os viajantes portugueses e os itinerários terrestres (1560-1670). Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1983). A fruta é a banana, que recebeu o nome científico de Musa paradisica. Ela é originária da Índia e acredita-se que foi a fruta oferecida pela serpente para Eva e Adão no Paraíso. A maçã também recebe essa pecha. Tais representações não fazem parte da história dessas duas plantas, mas da história das relações das sociedades humanas com elas. Recebo agora a informação de que a corrida de galgos no Rio Grande do Sul foi proibida por decreto do governador do Estado. Um galgo corre, mas quando sente necessidade. O galgo posto a correr em pistas para vencer corridas é uma prática humana, assim como as brigas de galo, as touradas, as brigas de canários, as corridas de cavalo e até as brigas de insetos. Essas práticas são provocadas por humanos que se aproveitam de certos hábitos animais. Não se trata da história dos animais e sim da história das relações dos grupos humanos com animais. Entre os jainistas e lamaístas, andava-se com uma vassoura para afastar insetos a fim de que não morressem sob pés humanos. Os lamaístas protegiam invertebrados por entenderem que todo animal tem alma que pode passar para um humano. Já os cristãos são carnívoros. Os judaístas e muçulmanos também, com a exclusão de certos animais considerados impuros.
Ilustração de “O jovem pastor e o lobo”, fábula de Esopo Assim também os lobos. Por um lado, eles merecem admiração por serem monogâmicos temporários, organizaram-se em grupos, caçarem de forma colaborativa, cuidarem bem dos filhotes, serem inteligentes. Eles evitam a presença humana e as áreas de criação de gado. Mas, sendo territorializados, eles atacam os animais que invadem sua território. O extermínio dos lobos favorece a proliferação de javalis, que causam prejuízos à lavoura ao fuçarem as terras plantadas. A igreja católica usou a figura do lobo de forma ambígua. Ora, ele era a imagem do demônio. O lobo – dizia-se – só comia a parte esquerda das suas vítimas. O lado esquerdo tem uma longa tradição negativa, como mostra Luís da Câmara Cascudo (CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1962). Homens amaldiçoados se transformavam em lobos. Eram os lobisomens. Essa caraterização ilustra bem os dois lados do homem. A mulher é mais identificada com os felinos. Essas imagens ganharam o cinema. A prova de que o bem é mais poderoso que o mal está representada na imagem de São Francisco de Assis amansando um lobo.
Uma das representações do lobisomem, hibridismo que remonta à civilização grecorromana Entre os celtas, o lobo é muito parecido com o homem. Daí, imagens mistas de lobo e de homem simbolizando coragem e bravura. Os lobos são indiferentes a tudo o que os humanos dizem sobre eles. Daí não existir uma história dos lobos nem dos animais, desde que seja história sociocultural. O que existe é uma história da relação das sociedades humanas com os lobos, que se traduz no comportamento e nas representações. Mas se os lobos, os minerais, os vírus, as bactérias, os protozoários, os fungos, os vegetais e os animais são protagonistas da história humana desde que os hominídeos emergiram como grupo na natureza. Podemos fixar a origem desse protagonismo no Homo habilis, em torno de um milhão e trezentos mil anos. Contudo, durante muitos séculos, os historiadores no seu sentido amplo, excluíram os seres não humanos desse protagonismo. Agora, que eles começam a reconhecê-los, valem-se de expressões simplistas, como história dos animais e dos vegetais.
São Francisco de Assim pacificando um lobo Fonte de informações: Jorge Paços. Galiza, terra de lobos. Galiza Livre.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O Jornal, Meaípe, 19 de fevereiro de 2021 Meaípe Arthur Soffiati

Há pessoas consternadas com a erosão costeira em Meaípe. Alguns artigos de jornal manifestam saudosismo pelo tempo em que a praia era um ponto turístico concorrido, com seu hotel e restaurante. Em vários pontos da costa do Brasil, a erosão causada pelo mar está afligindo moradores e despertando saudosismo. Mas os governos estão providenciando sistemas de contenção do mar. Um dos mais icônicos locais é Atafona, na foz do rio Paraíba do Sul, que já foi um conhecido balneário frequentado por turistas que ali tinham mansões, frequentavam um clube que marcou época e chegou mesmo a ter um cassino bastante procurado. Era chique chegar a Atafona de trem e hospedar-se no seu hotel, ao lado das casas pobres dos pescadores. Em Marataízes, a erosão costeira foi sustada com uma grande praia artificial, construída sobre molhes de pedra. Em Meaípe um muro está sendo levantado. Até onde essa solução resistirá não sabemos.
Até 5.100 antes do presente, o nível do mar era bem mais alto. O local em que se ergue atualmente uma Atafona ameaçada sequer existia. Até essa data, o mar invadia o baixo curso do rio Itapemirim e não permitia que Marataízes se erguesse. Mas nenhum desses núcleos urbanos costeiros existia naquele recuado tempo. Os europeus ainda não haviam chegado ao Brasil com sua concepção de concentrações humanas fixas, expansionistas e permanentes. Os povos indígenas estavam mais preparados que os europeus para avançar e recuar de acordo com as transgressões e as regressões marinhas. Reclamamos do mar por estar destruindo lugares de memória que amamos. Ele – o mar –, impiedosamente, está destruindo prédios em que moramos ou que eram pontos de referência de praias. Em algumas, ele está erguendo dunas que nos roubam a visão de paisagens que tanto amamos. Alguns, mais resignados, dizem que o mar está pegando o que é dele, numa simplória concepção de propriedade privada. O mar não é um ser consciente. Não tem a mínima noção de propriedade. Não é mau nem bom. Ele simplesmente é. A nossa história é muito curta em relação à história do planeta. Por várias vezes, o nível do mar subiu e desceu ao longo de milênios. Tudo indica que a atual elevação seja fruto de mudanças climáticas, do aquecimento global que vem derretendo geleiras, causando ressacas e erodindo a zona costeira em vários pontos dos continentes. Agora, assumimos a condição de agentes de transformações profundas. Conheci Meaípe em 1963, quando eu tinha 18 anos. Um caminhoneiro nosso vizinho cuja família era amiga da minha família convenceu meu pai a comprar um terreno na praia capixaba. Fizemos uma longa viagem na carroceria do caminhão, do Rio de Janeiro a Meaípe. Chegando lá, meu pai constatou com espanto e desalento que havia comprado um terreno na encosta de uma elevação pedregosa na ponta esquerda da praia. Havia lá apenas uma colônia de pescadores entre a ponta pedregosa e o pequenino rio Meaípe. Passamos um mês lá em profunda tranquilidade. Voltei a Meaípe nos anos de 1980 e encontrei uma praia bem diferente daquela que conheci 20 anos antes. A colônia de pescadores havia sofrido profundas transformações e Meaípe foi intensamente urbanizada entre o rio e a rodovia do Sol. A urbanização não respeitou a faixa marginal de proteção da praia e do rio. Casas foram erguidas a bem dizer dentro do rio, todas elas lançando esgoto e lixo no pequeno curso d’água. O manguezal que conheci em 1963 e que não me despertava a atenção que me desperta hoje cobria uma área bem maior que a atual. Ele apresentava saúde. Em 1963, meu pai e eu caminhávamos pelas praias desertas de Dairaquara, Bracutia (hoje chamada de Bacutia), Peracanga e Guaibura. Todos elas estão pesadamente urbanizadas atualmente.
Fiz uma viagem ao passado em busca de referências a Meaípe. J.C.R. Milliet de Saint-Adolphe, no “Dicionário geográfico, histórico e descritivo do Império do Brasil” (Paris: Vª J. -P. Aillaud, Guillard e Cª, 1863), dedica um verbete a Meaípe. Ele foi um militar francês eu viveu muitos anos no Brasil, coligindo informações sobre acidentes geográficos e núcleos urbanos. Seu dicionário se reveste de grande importância por registrar lugares que não mais existem. Sobre Meaípe, grafado como Meiaipe, ele escreve: “Povoação da província do Espírito Santo na beira do mar, entre a vila de Benevente e de Guarapari. Os moradores, além dos gêneros de consumo ordinário que cultivam, salgam e secam diversas espécies de pescado, que vendem aos mercadores das cidades de Campos ou aos de Vitória, que vão fazer ali as suas provisões em certo tempo do ano.”
Recuando a 1815, sabemos que o alemão Maximiliano de Wied-Neuwied deve ter passado pela praia de Meaípe vindo da vila de Itapemirim em direção a Vitória e daí rumo a Salvador. Mas ele não deixou nenhum registro de sua passagem por ela. Apenas Guarapari mereceu sua atenção. Em 1818, o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire seguiu os passos de Maximiliano, mas fez um registro considerável de Meaípe: “Depois de ter deixado Benevente, caminhei a princípio pela praia; passei muitas vezes pela floresta e desta para aquela e, tendo percorrido 3¹/² léguas em região montanhosa, pontilhada de cabanas, cheguei à Aldeia de Meiaipe, dependente da paróquia de Guarapari e situada à margem de uma enseada; ao norte desta aparece muito considerável grupo de casinhas; além, há outeiros cobertos de mato e diante da aldeia, no mar, surgem recifes negros quase à flor da água. Apesar de os habitantes de Meiaipe se jactarem de ser brancos, reconhece-se logo, sem custo, que a maior parte nem por mistura pertence à raça europeia. Não têm, na verdade, os olhos diferentes e a cor fuliginosa dos indígenas; mas, é de se observar que esses caracteres se perdem, quase sempre, pela preponderância dos brancos e dos índios; aliás, os colonos de Meiaipe têm o peito largo e os ombros sem saliência, como os americanos; sua cabeça é mais volumosa que a dos verdadeiros portugueses, e os ossos da maçã do rosto são mais proeminentes que nos europeus; por fim, a brancura de sua pele tem algo de embaçado e pálido que não se nota nos homens que pertencem inteiramente à raça caucásica. Os habitantes de Meiaipe cultivam um pouco a terra, mas vivem, principalmente, da pesca, muito abundante neste distrito; secam os peixes que apanham e pequenas embarcações vêm de Vitória e de São Salvador dos Campos dos Goitacazes para compra-los.” (“Viagem ao Espírito Santo e rio Doce”. Belo Horizonte: Itatiaia, 1974).
Saint-Hilaire não encontra mais indígenas em Meaípe. Eles se miscigenaram aos brancos e se tornaram mamelucos. Mas ser branco era uma forma de promoção social. Daí, talvez, os moradores de Meaípe se considerarem brancos. No Brasil colonial e imperial, a pesca era atividade praticada por pobres. Normalmente os brancos pobres casam-se com índios. A descrição da praia é bastante fiel. Ainda hoje, nos seus aspectos físicos, encontramos um quadro bastante parecido com aquele que o botânico francês descreveu. O pequeno rio não foi notado pelo ele. A aldeia de pescadores localizava-se na extremidade esquerda da praia, exatamente no ponto em que a encontrei em 1963. É quase certo que o verbete redigido por Saint-Adolphe, em 1863, colhe informações registradas por Saint-Hilaire. Meaípe tinha estreita relação com Campos, então o mais expressivo núcleo urbano entre o Rio de Janeiro e Salvador, como notou Maximiliano de Wied-Neuwied. Essa relação também se estabelecia com Vitória, bem mais próxima da colônia pesqueira. Hoje, as relações entre Meaípe e Campos baseiam-se no turismo.

TEMPESTADE NO DESERTO

Arthur Soffiati             Não me refiro ao filme “Tempestade no deserto”, dirigido por Shimon Dotal e lançado em 1992. O filme trata da ...