Apresentada por Itamar Vieira
Júnior (que parece convidado por autores novos desejosos de respaldo), Paulliny
Tort lança “Erva brava” (São Paulo: Fósforo, 2021), seu primeiro livro de
contos (virão outros?). Todas as narrativas se passam no vilarejo de Buriti
Pequeno, onde o rio Amanaçu está bastante presente. Buscará a autora alguma
espécie de retorno à literatura regionalista? Em parte sim, em parte não. Seus
tipos são interioranos, mas “O rio Amanaçu agora fede, às vezes mais que fossa.
Ficou assim depois das granjas de galinha e de porco, que despejam o mingau dos
esterqueiros na água [...] a vila apodrece e os peixes morrem afogados na
merda.” O interior do Cerrado seria assim uma espécie do atual sertão
nordestino de Ronaldo Correia de Brito? Também não porque falta à autora a força do escritor pernambucano. É
possível que uma vila do interior de Goiás apresente motivos para doze contos?
Claro que sim. Com talento, pode-se escrever muitos contos sobre uma casa
habitada ou não.
Por enquanto, Paulliny Tort não se insere na trilha de Hugo
de Carvalho Ramos, Bernardo Élis (no livro, há um conto que parece ser
inspirado nele), José J. Veiga, Davi
Arriguci Jr e Ricardo Guilherme Dick, todos eles oriundos do Centro-Oeste do Brasil. Mas é cedo. Tort foi
semifinalista do Prêmio Oceanos de 2017 com seu romance de estreia “Allegro ma
non troppo” Da minha parte, deixo lavrado meu descontentamento com a literatura
brasileira atual.
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