Arthur Soffiati
O ano de 2021 foi marcado pelas distopias na literatura. Pelo menos, dez livros que li retratam um presente ou um futuro sombrio. Nesse artigo, comentarei a penas livros de 2021 que entenderam o mundo de forma trivial.
João Anzanello Carrascoza, em “Tramas de meninos” (Rio de Janeiro: Alfaguara, 2021), segue fiel a sua abordagem da humanidade em seus escritos. O mundo é o Brasil, mas sem mencionar nomes de lugares. Existem sempre uma pequena e uma grande cidade que estão em comunicação por meio de parentes. É o pai ou a mãe que residem na pequena cidade e os filhos que foram para a cidade grande, refletindo assim a própria vida do autor, nascido em Cravinhos e morando em São Paulo. O amor está presente até no ódio. A mulher apanha do marido de modo que os filhos pequenos percebam. A mulher chega mesmo a perder dentes, mas faz as pazes com o marido sempre. Um dia, ele morre baleado por um assaltante. É comum, nos seus escritos, que os homens sejam donos de casas comerciais ou alfaiates. Aparecem viúvos que amavam muito suas esposas. Agora, vivem sozinhos e aguardam visitas dos filhos, que são tratados amorosamente.
Num conto, uma mulher prepara-se para abandonar o marido e leva seu filho ainda criança. Mulheres grávidas conversam sobre seus futuros. Nada acontece como o planejado. A morte está sempre por perto. Ela impacta os vivos, mas faz parte da realidade. Como nos demais livros, Carrascoza impregna seus romances e contos de intimismo e delicadeza. Mas nesse livro o conteúdo não justifica o título. Existem poucas tramas de meninos.
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