quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

QUANTO CUSTA UM ELEFANTE

Arthur Soffiati

Desde sua estreia com o livro de contos “Fátima fez os pés para mostrar na choperia” (1998), Marcelo Mirisola vem ocupando, na literatura, um lugar bastante próprio. Ele é sempre o personagem principal dos seus romances, vivendo papeis os mais diversos, mas sempre na periferia. No mundo da marginalidade, entre bandidos, mulheres desclassificadas, gays do submundo. Em “Quanto custa um elefante” (São Paulo: Editora 34), não é diferente. Sua relação com uma ex-namorada que ele não quer tirar de sua vida é uma mulher bastante bandida. Ela o explora, mas é embebedada e estuprada por ele. Seu nome – Ruína – é bem apropriado para um romance em que se discute política nacional, mas em que também o povo rico e pobre pratica a corrupção como overdose ou como homeopatia.

Ele negocia com Deus e o Diabo e consegue desagradar a ambos ou é castigado por ambos. “... o diabo não me atendeu porque Deus não quis; então, na verdade, eu estaria sendo protegido e deveria agradecer a Deus pelo fato de o diabo não ter dado minha prenda.” Mirisola ocupa um lugar em que se sente confortável e não ameaçado.

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