quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

ILHA DA MADEIRA

Ilha da Madeira Arthur Soffiati Há 200 milhões de anos, todos os continentes do mundo estavam unidos num só. Os cientistas atuais (já que não existia nenhum naquela época) batizaram o grande continente com o nome de Pangeia, ou seja, a terra toda. A circulação de animais e plantas era mais fácil. Pelo menos, não tão difícil, pois não havia oceanos como barreiras. Os grandes dinossauros dominavam esse vasto continente. Os mamíferos eram representados por pequenas espécies. Em torno de 180 milhões de anos, o grande continente começou a rachar, dando origem a um grande continente no norte e a outro no sul. O do norte recebeu o nome de Laurásia e o do sul foi chamado de Gondwuana. Também eles se racharam, agora no sentido longitudinal. A Laurásia deu origem à Eurásia e à América do Norte. Gondwana se partiu e deu origem à África e América do Sul. Entre eles, formou-se o grande oceano Atlântico, com uma cadeia marinha quase toda submersa. As ilhas mais tarde batizadas de Oceania representam uma espécie de ovelha desgarrada. Isoladas pelos oceanos Pacífico e Atlântico, dois grandes conjuntos continentais desenvolveram floras e faunas novas a partir dos organismos originais. As atuais Europa, Ásia e África estavam unidas. De grande ilha, a África acabou se ligando a Eurásia por um istmo, que deu origem aos mares Mediterrâneo e Vermelho. Por essa estreita faixa de terra, mais tarde batizada de istmo de Suez, algumas espécies de hominídeos originados na África, ganharam a Eurásia. Só o “Homo sapiens”, a espécie da qual fazemos parte, alcançou a Oceania (40 mil anos passados) e a América (entre 50 e 12 mil anos passados). Entre Ásia, Austrália, Tasmânia, Nova Zelândia e outras ilhas da Oceania, as distâncias eram mais curtas no passado. Entre a Sibéria e o Alasca, existia uma ponte de terra que permitiu migrações humanas. Bastante tempo antes, a América do Norte ligou-se à América do Sul pelo istmo da América Central. A América do Sul viveu por milênios um esplêndido isolamento, permitindo o desenvolvimento de dinossauros enormes. Mais tarde, mamíferos herbívoros descomunais também reinaram na imensa ilha da América do Sul. O paraíso sul-americano terminou quando uma ponte de terra ligou as duas Américas, permitindo a passagem de grandes mamíferos carnívoros no sentido norte-sul. Mais tarde, chegaram os humanos. O historiador Alfred W. Crosby, que tão excelentes contribuições trouxe ao conhecimento do domínio ambiental e à transformação dos ecossistemas do mundo, ainda manifesta dificuldade em compreender as diferenças culturais entre euroasiáticos, americanos e oceânidas. Talvez, ele manifeste grande perplexidade diante dessas diferenças, ainda vistas por ele como desigualdades. No seu entendimento, os europeus conquistaram o mundo por sua superioridade cultural. Ele mostra que, no estágio paleolítico, não existiam grandes diferenças entre africanos, euroasiáticos, americanos e oceânidas. Todos viviam da coleta, da pesca e da caça. Mas já nesse primeiro estágio da história da humanidade, havia uma diferença notável: a Oceania e as Américas, por ficarem livres dos humanos por milênios, desenvolveram grande abundância em termos de organismos vegetais e animais. África e Eurásia já eram percorridas por humanos há milênios. Os seres vivos coletados, pescados e caçados pelos grupos se esgotaram com tanta exploração. A escassez deve explicar o modo nômade dos grupos paleolíticos. Assim, o nomadismo passou a ser um traço para distinguir os grupos paleolíticos. Quando ocorreram mudanças climáticas naturais a partir de 12 mil anos antes do presente, alguns grupos andarilhos domesticaram plantas e animais e inventaram a agricultura e o pastoreio. Esses grupos puderam se sedentarizar e desenvolver tecnologias que permitiram dominar melhor a natureza e outros grupos humanos. Pôde-se, assim, avançar para sociedades urbanas, que os estudiosos denominariam de civilizações. O modelo clássico é o da civilização mesopotâmica. No sul da Mesopotâmia, em torno de 3.200 a. C., grupos humanos criaram a cidade. Com ela, a vida se tornou complexa. Além da divisão sexual e técnica do trabalho, desenvolveram-se as divisões territorial e social do trabalho. Agricultura e pecuária tornaram-se atividades rurais. Artesanato, comércio, religião e política fixaram-se nas cidades. Mais espécies vegetais e animais foram domesticados. Os metais foram usados não apenas para a fabricação de adornos e utensílios, mas principalmente para armas que permitissem defender as cidades dos ataques de povos paleolíticos e neolíticos em busca de comida como também a atacar outros povos para conquistá-los. Assim, parece que a superioridade eurasiática deveu-se mais à escassez que à abundância. O esgotamento de recursos no paleolítico e no neolítico levou os povos euroasiáticos a responderem com cidades, sistemas de escrita de fácil manuseio e armas, pelo menos. Na Europa, a situação revelou-se mais grave: os habitantes estavam cercados por áreas geladas ao norte, pelo mar a oeste e pelos muçulmanos e eslavos a leste. Ao sul, o grande deserto do Saara. E as Américas e a Oceania? Primeiro, o grande continente único que existia há 200 milhões de anos partiu-se em dois no sentido norte-sul: Laurásia e Gondwana. Depois, cada um deles se partiu em mais dois no sentido leste-oeste, dando origem à Eurásia e à América do Norte, à África e à América do Sul. A África ligou-se à Eurásia por um istmo, assim com América do Norte à do Sul. O espaço entre África e Américas foi invadido pelo mar. Nasceu assim o oceano Atlântico. No meio dele, ergueu-se uma cadeia montanhosa que se denominou dorsal atlântica. Os picos culminantes dessa cordilheira são as ilhas Jan Mayen, Islândia, Açores, Ascensão, Tristão da Cunha. Mas há também ilhas mais próximas da costa Africana, como os arquipélagos da Madeira, das Canárias e Cabo Verde. Elas ficam nas latitudes do deserto do Saara, mas contam com condições climáticas que favorecem o desenvolvimento de vegetação pujante. As ilhas que hoje forma a Oceania são como ovelhas desgarradas da Eurásia. Tanto elas como as Américas ficaram livres da presença humana por milênios. Assim, floras e faunas pujantes cresceram nelas. O humano entrou na Oceania há cerca de 40 mil anos e nas Américas entre 50 e 12 mil anos. Nos dois continentes, encontraram muita comida. Na Austrália, a fartura de plantas e carne inibiu os migrantes asiáticos, que não passaram do nível paleolítico especializado. Nas Américas, os grupos humanos alcançaram todos os níveis culturais: paleolítico, neolítico e civilização. Mas o historiadora Alfred Crosby entendeu que todos esses estágios na Oceania e na América não alcançaram o nível dos euroasiáticos. Ele levanta uma explicação: os povos oceânidas e americanos viam os animais como seres habitados por espíritos que era necessário respeitar. Os povos euroasiáticos viam os animais como caça mesmo. Essa questão nos remete ao antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, segundo o qual a base cultural da Eurásia é o pastoreio, enquanto que a da América é a caça (“A inconstância da alma selvagem”. São Paulo: Cosac & Naify, 2002) Na Eurásia, a figura do pastor era muito respeitada, enquanto na América o respeito era dispensado ao caçador. A concepção de mundo dos povos eurasiáticos era culturalista. O mundo se dividia em natureza e cultura, sendo que esta suplantava a natureza. Nas Américas, vigorava uma postura perspectivista, segundo a qual existia uma só cultura, mas muitas naturezas segundo a perspectiva anatômica de cada espécie animal. Mas, citando François Bordes, Crosby apresenta a resposta sem perceber: Austrália e América eram dois novos paraísos invadidos por humanos. A Terra deixou de ser virgem. Agora, talvez, só algum possível planeta desabitado com natureza semelhante à terráquea se igualasse à América. E se isso acontecer ainda não estamos preparados para lidar com a natureza sem a destruí-la. As duas concepções de mundo – culturalista e perspectivista – vão se encontrar no sáculo XV com a expansão de uma Europa estrangulada pelos muçulmanos, eslavos e escandinavos. Estes últimos chegaram à América no início do século XI, atravessando a cadeia de montanhas do fundo do Atlântico com suas embarcações. Eles eram guerreiros e queriam fundar colônias. Chegaram a criar algumas na Groenlândia e na costa norte da América, mas fracassaram na sua empresa no século XV, quando os europeus latinos alcançavam a América com Cristóvão Colombo, em 1492. Conquanto os escandinavos fossem guerreiros, eles ainda não contavam com armas de fogo. Os povos pioneiros da América tinham armas tão eficientes quanto a dos escandinavos e os enfrentaram de igual para igual. A saída do Mediterrâneo para o Atlântico já havia sido empreendida pelos egípcios, fenícios, gregos e romanos. Heródoto escreveu com desconfiança que o faraó Necau II (660 a.C.- 593 a.C.) patrocinou uma expedição fenícia para circundar a África, partindo do mar Vermelho, contornando o cabo da Boa Esperança (que ainda não tinha esse nome), navegando a costa ocidental da África e alcançando o delta do Nilo pelo mar Mediterrâneo. Uma expedição fenícia saída de Cartago, no século XXX, sob comando de Hanon, teria saído do Mediterrâneo e costeado a África ocidental por considerável extensão. É o que nos conta o “Périplo de Hanon” (Périplo de Hanão com estudo introdutório, tradução do grego e notas de Victor Jabuille. Lisboa: Editorial Inquérito, 1994). A cartografia grega mostra que o mundo atlântico já era bem conhecido, embora nele, claro, ainda não figurassem as Américas. Uma obra poética do latino Avieno, que viveu no século IV a.C., narra a viagem, provavelmente empreendida pelo cartaginês Himilcan no século V a. C. (Orla marítima. Introdução, tradução do latim e notas de José Ribeiro Ferreira. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, 1985). É quase certo que fenícios e romanos tenham atingido os arquipélagos das Canárias e da Madeira. Quem sai do mar Mediterrâneo pelo estreito de Gibraltar, encontra várias ilhas de origem vulcânica entre a costa atual do Marrocos e do Senegal. Mais distantes, situam-se ilhas que constituem picos da cadeia montanhosa que atravessa todo o oceano Atlântico de sul a norte. Fenícios, gregos e latinos já conheciam ilhas próximas ao litoral. Ponderadamente, Manuel Rufino Teixeira defende a tese de que não se pode identificar um descobridor para essas ilhas (“Um olhar pelos primórdios da Capitania de Machico e das suas gentes”. Machico: Câmara Municipal, 2004). Mas elas só se tornaram importantes com a expansão marítima da civilização europeia ocidental, a partir do século XV da era cristã. Desde a antiguidade, todas elas eram conhecidas como Ilhas Afortunadas (Macaronésia). A Espanha apoderou-se de um conjunto delas, dando-lhes o nome de Canárias. Portugal apossou-se dos outros três conjuntos, dando-lhes o nome de arquipélago da Madeira, de Cabo Verde e dos Açores. Oficialmente, a expansão marítima portuguesa começa com a conquista de Ceuta aos muçulmanos no norte da África em 1415. Em 1418, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira alcançam a ilha de Porto Santo, integrante do arquipélago da Madeira. Em 1419, os dois navegadores acompanhados de Bartolomeu Perestrelo chegam à ilha da Madeira. Logo os três pilotos perceberam as diferenças entre Porto Santo e Madeira. Enquanto a primeira é pequena e tende à aridez, a segunda conta com comprimento máximo (oeste-este) de 53,90 km e uma largura máxima (norte-sul) de 23 km. De perfil, ela tem o formato de um trapézio abaulado com elevações no centro. Seu ponto culminante é o Pico Ruivo, com 1862 metros, logo seguido pelo Pico das Torres, com 1853 metros. Dentro da base dela, existe uma enorme cisterna de água potável. Nas altitudes, existem nascentes que formam pequenos cursos d’água que recebem o nome de ribeiras. A declividade deles é muito acentuada, favorecendo enxurradas em tempos de chuva e acentuadas estiagens em período de seca. As principais ribeiras são a da Janela, com 21.987 metros de extensão e com nascente a 1.564 m), Seixal (10.472 m/1.569 a.), São Vicente (10.291 m/1.640 a.), Porco (10.245 m/1.485 a.), São Jorge (10.409 m/1.399 a.), Faial(14.526 m/1.493 a.), Machico (12.384 m/1.035 a.), João Gomes (6 km), Santa Luzia (11,5 km/1.650 a), São João (12 km), Socorridos (16.766 m/1.633 a), Brava (13.643 m/1.540 a), Ponta do Sol (11.842 m/1.566 a), São Bartolomeu (6.775 m/1.201 a), Porto Novo (12.913 m/1.379 a), São Boaventura (10.626 m/1.350 a), Santa Cruz (10.329 m/1.273 a.), Tábua (7.604 m./1.505 a.), Madalena (6.545 m./1.396 a.). As mais conhecidas são as de João Gomes, Santa Luzia e São João por terem sido envolvidas pela vila/cidade de Funchal, a mais importante da ilha. O que controlava o regime hídrico das nascentes e da vasão da ribeiras eram as densas florestas que cobriam a ilha. Daí ser batizada de ilha da Madeira. A família vegetal predominante era a laurácea. Por isso o nome de floresta laurissilva. Logo, foram percebidas a importância estratégica do arquipélago e suas potencialidades econômicas. Essas ilhas, sobretudo a da Madeira, abria caminho para as Índias orientais. A colonização delas se iniciou por iniciativa de D. João I ou do Infante D. Henrique em torno de 1425. A Coroa portuguesa adotou o sistema de capitanias hereditárias a partir de 1440. Tristão Vaz Teixeira foi investido como donatário da Capitania de Machico (ilha da Madeira). Em 1446, Bartolomeu Perestrelo tomou posse como donatário do Porto Santo. Finalmente em 1450, João Gonçalves Zarco recebeu a donataria de Funchal, também na ilha da Madeira. Houve experiências com o plantio de trigo, mas logo a cana-de-açúcar, originária da Índia e cultivada na ilha da Sicília, Itália, foi transplantada com sucesso para a Madeira. Tanto a Madeira quanto Porto Santo e as Canárias foram palco de experiências desastrosas que se repetiriam muitas vezes no mundo globalizado pelo ocidente. Ainda hoje, elas ocorrem cada vez com maior intensidade. Em Porto Santo, Bartolomeu Perestrelo soltou uma coelha grávida, cujos filhotes cresceram e proliferaram comendo toda espécie de vegetal e tornando a ilha inabitável por humanos. O cronista Jerónimo Dias Leite, cônego da Sé de Funchal, escreveu em “Descobrimento da Ilha da Madeira”, datado de 1579: “Saídos todos em terra pareceo bem a Bartolameu Palestrello ha desposição della por ser fresca de bõs ares, sadia, e começou ha pouoala, e tirou em terra ha gente que quis ficar, e animaes, galinhas e coelhos, hos quaes multiplicarão depois nesta ilha do Porto Sancto de maneira em quantidade, que foi ha maior praga, que houue na terra, porque não deixauão criar herua uerde na ilha, que ha não comessem, e com paaos, e has maos hos matauão, sem hos poderem desinçar. E inda hoje em dia haa tantos principalmente num grande Ilhéo que apegado com ha ilha estaa, que dos muitos que se nelle crião tem ho nome dos coelhos, e que he ho melhor refresco da terra, donde uai muita gente folgar, e dia se faz que se matão dozentos sem hos acabarem de destroir.” (Introdução e notas de João Franco Machado. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1947. Manteve-se a grafia original). A segunda prática desastrosa, exportada principalmente para o Brasil, foram as queimadas. Na Madeira, uma queimada chegou a durar sete anos, como relata ainda Jerónimo Dias Leite, na obra citada: “Daqui acordou ho Capitão, que não se podia com ho trabalho dos homes desfazer tanto arvoredo que estava des ho começo do mundo nesta ilha, e pera ho consumir para se laurarem has terras, e aproueitar-se delas era necessario poerlhe ho fogo. E como quer que com ho muito arvoredo pella muita antiguidade, estaua dele derribado pelo chão, e outro seco em pee, apagou ho fogo de maneira neste valle do Funchal que era tam brauo, que quando uentaua de sobre terra, não se podia sofrer ha chama, e quentura dele, e muitas ueses se acolhia ha gente ahos ilheos, e ahos nauios ate ho tempo se mudar, e por se ho valle mui espesso, assi do muito funcho, como de arvoredo, ateouse de maneira ho fogo que andou sete anos apegado pelas aruores, e troncos, e raizes debaixo do chão, que senão podia apagar, e fez grande destruição na Madeira, assi no Funchal como em ho mais da ilha ao longo do mar na costa da banda do Sul donde determinou rosar e aproueitar.” (grafia da época). A terceira prática desastrosa ocorreu no arquipélago das Canárias. Todos os povos europeus a praticaram sem piedade ou com o entendimento da época. Foi o massacre dos povos nativos, considerados atrasados e bárbaros. Agora, devolvemos a palavra ao historiador Alfred W. Crosby: “Os guanchos merecem mais atenção do que têm recebido. Com a possível exceção dos aruaques das Antilhas, eles foram o primeiro dos povos levados à extinção pelo imperialismo moderno. Seus ancestrais tinham chegado às Canárias, procedentes do continente africano, ao longo de um período de muitos séculos, iniciado a partir do segundo milênio antes da era cristã. O rude processo da conquista europeia começou em 1402, data que podemos adotar como a do nascimento do moderno imperialismo europeu.” (Imperialismo ecológico – a expansão biológica da Europa: 900-1900. São Paulo: Companhia das Letras, 1993). Mesmo inferiores aos europeus em armas e desunidos, os guanchos resistiram até o final do século XV. Não apenas as armas os massacraram, mas também as doenças dos europeus, que eles desconheciam. A grande arma para a conquista das ilhas afortunadas (os arquipélagos do Atlântico central) foi a agropecuária. As ilhas já eram conhecidas desde o século XIII mas não colonizadas. Os portugueses encontraram as ilhas do arquipélago da Madeira e dos Açores despovoadas. Nem animais perigosos viviam nelas. Os guanchos representaram a maior resistência para os espanhóis. Eles já estavam no nível do neolítico euroasiático, mas a fartura das ilhas os levaram a abandonar práticas neolíticas, como a agricultura, o pastoreio e o emprego de metais, se é que chegaram a conhecer esses últimos. Todo ser humano é capaz de dar resposta semelhante ao mesmo desafio. A natureza luxuriante das ilhas Canárias era também um desafio ao contrário. Ela não exigia o desenvolvimento da agricultura e do pastoreio. O isolamento era uma proteção que não exigia armas. Vencidos os guanchos pelas armas e a natureza pelo fogo e pela introdução de espécies vegetais e animais exóticas, os europeus instalaram uma economia que lhes era familiar. A cana, já cultivada nas ilhas do Mediterrâneo, foi fundamental no processo colonizador. Homens e mulheres africanos foram escravizados e postos a trabalhar. As ilhas foram doadas a título de capitania hereditária. O tripé colonial estava montado: grandes glebas de terra doadas, agricultura para exportação com um produto vegetal dominante e escravização de africanos. Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes (RJ), de 27/01 a 10/02/2021

Um comentário:

TEMPESTADE NO DESERTO

Arthur Soffiati             Não me refiro ao filme “Tempestade no deserto”, dirigido por Shimon Dotal e lançado em 1992. O filme trata da ...